12 Fatos e Versões (enganosas) sobre
a Guerra de Israel contra Gaza
1. Sei que corro o risco de não ser
suficientemente claro e não cobrir adequadamente cada ponto da questão, mas sei
também que muitos cristãos têm uma visão “romântica” e equivocada sobre essa
Guerra. Por isso, os pontos abaixo são introdutórios para que você, cristão,
reflita sobre FATOS, sobre a verdade, não sobre “paixões” ou mentiras da
propaganda da guerra. (o texto não foi revisado)
2. Eu não defendo terroristas de um
lado nem de outro. Eu lido com fatos, com a verdade mais ampla, além do que diz
“a voz do povo”.
3. Não sou antissemita.
Antissemitismo é hostilidade a semitas (árabes e judeus são semitas). Eu não
sou favorável a política de Guerra, de colonização, o que está bem longe de
caracterizar-se antissemitismo. Não concordar com o governo de um país não
significa ser hostil ao seu povo.
Vamos aos fatos.
1. Israel só quer a paz.
Isso é uma
VERSÃO que ilude. Israel de fato fez a paz com países vizinhos, Egito, Jordânia
e outros. Mas esses países têm o seu próprio território. Eles não atrapalham os
planos de Israel de ocupar toda a Palestina, assim é “útil” usar esse argumento.
Analistas
especializados acreditariam que Israel "só quer a paz", como defensores
de Israel dizem, se ele ao menos cumprisse os acordos para não ampliar o
programa sistemático do governo para os assentamentos. A questão dos
assentamentos é crucial para o estabelecimento da paz verdadeira e sinalizaria
para os palestinos o “desejo real” de que ela seja negociada e que Israel está
trabalhando para a paz. Israel descumpre resoluções da ONU, que são acordos
internacionais válidos, ao ampliar assentamentos, e descumpre as determinações
da própria Suprema corte de seu país.
Ainda sobre
os assentamentos.
1.
Assentamentos são ilegais, pois são construídos em território palestino.
2. Fala-se
muito que o Hamas coloca os palestinos como escudo humano. Do ponto de vista
ético, Israel faz o mesmo usando os colonos. Dá subsídios para que construam os
assentamentos, cobram baixos impostos e garantem a proteção do exército contra
os palestinos que, obviamente, atacam. Por que atacam? Porque os colonos estão
construindo em seus territórios, sítios, campos agricultáveis etc. Se alguém
montasse uma barraca de camping no seu quintal ou apartamento você não
reagiria? Geralmente os colonos são igualmente radicais, ortodoxos.
3. Também já
ouvi dizer que Israel ganhou os territórios pela guerra. Assim, tem direito a
eles. Isso é fato, mas por que negar aos palestinos a reconquista de
territórios também pela Guerra? É preciso usar os mesmos critérios para ambos
os povos.
2. O Hamas é um grupo terrorista.
Essa é uma
generalização e generalizações levam a imprecisões e a mentiras em muitos casos.
O Hamas não é um grupo monolítico. Divide-se ao menos em três setores.
1. O comando
político é de onde partem as ordens e as determinações no que diz respeito à
política e relações internacionais. Em 2005 o Hamas venceu as eleições na
Palestina e assumiu cadeiras na Autoridade Palestina (AP), o governo palestino.
Há eleições na Palestina (o que levaria a crer que há democracia como em
Israel? Isso é outra questão).
2. O Hamas
tem uma forte ação social, com escolas, clínicas, coleta de lixo (que a AP não
tinha). Eles estimulam o ódio desde a infância nas crianças que estudam em suas
escolas. Não aprovamos isso, evidentemente. Mas observando o programa de outros
governos (o nosso, por exemplo), encontraremos programas que também não são os
ideais. Do ponto de vista “moral”, Israel também não age corretamente, pois
seus livros escolares omitem a existência legítima dos palestinos. Afinal,
aquele povo não existe? É uma miragem?
3. O último
"braço" do Hamas são as brigadas Izz al-Din al-Qassan, o exército do
Hamas. Alguém dirá: não é exército, é grupo terrorista: então leia o ponto “3”,
abaixo. As ações do Hamas podem ser vistas como militares, não simplesmente
como “terroristas”. Cada exército usa as armas que têm a sua disposição.
Um
terrorista entrevistado pelo ex-deputado israelense Uri Avnery disse que se tivessem
tanques e caças deixaria de enviar homens-bomba contra Israel. Os homens-bomba não
têm “aparecido” muito porque Israel construiu o muro de contenção que separa
(ou segrega) os palestinos. Por isso vemos o aumento no uso de mísseis.
O terrorismo
é a arma dos pobres, mas isso não faz dele ilegítimo. (veja mais abaixo outros
pontos sobre Terrorismo). O Hamas é
um grupo de resistência, o seu próprio nome diz isso. Hamas significa “Movimento
de Resistência Islâmica” em árabe. A resistência é, sim, legítima em qualquer
parte do planeta. A resistência existe porque alguém ocupa o território do
outro. Quando fazem resistência, os palestinos estão defendendo o território onde
moram há muito tempo. Israel tem o direito de se defender e de existir, isso é FATO.
Mas por que os palestinos não teriam? Eles são “menos povo”? (veja mais no
final dos 12 pontos.
3.
Israel é o povo de Deus e não faz terrorismo.
Isso não é uma versão dos fatos, é PURA MENTIRA e desconhecimento dos fatos. Três motivos desmontam
esse argumento falacioso.
Primeiro, terrorismo é o ato de “aterrorizar uma população”. Na Guerra
contra Gaza, a população israelense sofre, mas o FATO é que os palestinos são
aterrorizados. O escudo protetor de Israel (Iron Dome) faz um bom trabalho,
tanto que os guias turísticos em Israel gravam vídeos e publicam na internet
para que turistas "vejam" que está tudo bem por lá (e com isso o turismo
não seja de$aquecido).
Segundo, em direito internacional há dois tipos de terrorismo: o alto
terrorismo ou terrorismo de Estado e baixo terrorismo. O Hamas faz baixo
terrorismo, Israel faz terrorismo de Estado ou alto terrorismo. Ambos são
terrorismo.
O terceiro argumento está apresentado no ponto 5, abaixo.
4.
Israel é o povo de Deus.
O povo de Deus é a comunidade de fé. Foi assim desde Abraão e assim é
até hoje. Jesus e Paulo disseram que não são judeus legítimos (do ponto de
vista da salvação) quem é geneticamente. Jesus chegou a dizer que até das
pedras Deus pode fazer brotar filhos a Abraão (Mateus 3.9: “Não
fiqueis dizendo a vós mesmos: Abraão é nosso pai! Eu vos digo que até dessas
pedras Deus pode dar filhos a Abraão”).
Povo de Deus é quem tem a fé em Jesus Cristo e isso vale para TODOS,
palestinos judeus, brasileiros, nigerianos etc. “Deus amou O MUNDO de tal
maneira que deu o seu Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”.
Nem todo o povo judeu será redimido por Deus no final dos tempos.
Somente os que tiverem a fé, conforme diz a Bíblia. Veja que no Apocalipse há
um grupo (remanescente) a ser salvo. Não serão todos. Isso não é porque eu não
quero assim (como insinuaram), mas porque diz a Bíblia. Leia-a.
4. Só os árabes/palestinos são
terroristas.
A ideia “comum” é que só palestinos fazem terrorismo. Quero apresentar
os grupos terroristas compostos por judeus, ou “Hamas sionista”, como vou chamá-los.
Sim, GRUPOS TERRORISTAS JUDEUS. Geralmente cristãos acham um milagre de Deus
que o povo judeu foi levado da Europa para a Terra Santa, e de fato há
profecias usadas para confirmar isso. Mas muita gente desconhece os três grupos
terroristas que judeus criaram nas décadas de 1920 e 1940.
a. O primeiro deles foi o Corpo de Muleiros de Sião, formado em 1920
por Wladimr Jabotinsky, famoso guerrilheiro judeu russo. Esse Corpo de Muleiros
apoiava tropas aliadas. Mais tarde deu origem a Haganá, de onde nasceu o exército
de Israel (que, assim, nasceu de um grupo terrorista. Uau!).
b. O segundo foi formado no final dos anos 1930, o Irgun, que servia
para proteger (e fazer resistência, como o Hamas) os judeus colonos que criavam
os primeiros assentamentos nos territórios que passaram a ocupar. O Irgun
atacava tanto árabes quando britânicos, os mesmos britânicos que autorizaram os
judeus da Europa a irem para a Palestina, que era controlada pelo Mandato Britânico.
O Irgun judeu cometeu atentado contra o quartel-general inglês, o prédio onde
hoje funciona o Hotel King David, causando inúmeras vítimas judias e árabes.
c. O terceiro grupo foi formado em 1940, o Lehi (Guerreiros da
Liberdade de Israel), ou Grupo Stern (ou Gang Stern), foi criado por Abraham
Stern. Eles assassinaram o Duque Bernadotte, inglês, porque ele se opôs com a
ONU aos objetivos sionistas. O Lehi era tão ou mais violento que o Irgun.
Assassinaram também o primeiro ministro britânico do Oriente Próximo, Lorde
Moyne.
Os três grupos eram CLANDESTINOS, não foram reconhecidos pelos britânicos.
Quando alguém diz que o Hamas é terrorista e não tem legitimidade, precisa
explicar como ficam os judeus como esses três grupos também TERRORISTAS, que
faziam RESISTÊNCIA, tal qual o Hamas. Dois pesos, duas medidas? É desonesto.
Menachem
Begin transitava entre dois desses grupos. Depois se tornou o sexto primeiro-ministro
de Israel em maio de 1977, “recebeu o Nobel da Paz” (!), como o egípcio Yasser
Arafat (!), o “grande líder do povo palestino”. Ironia da história.
Olhando na perspectiva histórica, a OLP e o Fatah de Arafat (“antigamente”
terroristas) e o Irgun (por exemplo), também terrorista, vemos que todos “mudaram”.
O Irgun forneceu seus membros ao que hoje é o Partido Likud, de outro soldado,
o falecido Ariel Sharon. O Likud é hoje “legítimo”, não? Assim, historicamente,
antigos terroristas se desenvolvem para partidos políticos quando suas causas são
legítimas (e nacionalistas).
Não acredito que o Hamas fugirá à regra. Fatah, Irgun, OLP, hoje são
partidos políticos, mais que grupos militares.
(além
destes, há grupos terroristas em funcionamento em Israel HOJE, que atacam
árabes e muçulmanos por motivos religiosos).
5.
Israel tem direito a todo o território.
VERSÃO
enganosa. Desde o Mandato Britânico Israel tinha direito a uma parte da terra,
não toda ela. Sofreu guerras feitas pelos árabes, conquistou e ocupou terras
que não estavam no acordo de partilha. Foram quatro guerras (1948, 1956, 1967, 1973) nas quais Israel ampliou o espaço,
ocupando-os. Mas a ONU não reconhece isso, portanto, é OCUPAÇÃO ILEGAL. Se você
“ama” Israel a ponto de apoiar a ocupação, suspeito que você transgrida uma lei
internacional juntamente com o apoio que dá a Israel.
Há quem diga (eu já ouvi isso várias
vezes): “Israel ganhou esse espaço porque venceu a guerra”. Sendo assim (para
ser BEM HONESTO) é preciso reconhecer que os palestinos também estão
lutando/guerreando porque querem mais “espaço”.
6. Palestinos são todos terroristas.
Palestinos
são pessoas, nascem como você e eu. Não há DNA terrorista. O ódio que sentem
pelo que a política sionista de Israel faz é um ódio que vem com o tempo,
depois de tanto sofrimento.
Muita gente
não sabe, mas há cristãos na Faixa de Gaza, há cristãos na Palestina
(Cisjordânia). Em Belém, por exemplo, pelos menos 20% da população é cristã. Há
dez anos havia 30%; diminuiu porque o Hamas oprime o povo. Mas generalizar
dizendo que todos os palestinos são terroristas é uma ignorância absurda.
Assim,
quando um cristão diz: “Israel tem que matar os palestinos”, está dizendo
“Israel tem que matar meus irmãos de fé”. É assim que você, cristão, pensa?
7. Israel só começou a Guerra porque
o Hamas atacou.
MENTIRA.
Depois que os três jovens, Naftali Frankel, Gil-ad Sha'er e Eyal Yifrach, foram
encontrados mortos, o primeiro ministro de Israel, Benjamim Netanyahu veio a
público anunciar “que o Hamas irá pagar” pelas mortes. Na noite do velório dos
jovens, Israel fez 42 ataques contra Gaza.
1. A
atitude/pronunciamento de Netanyahu foi irresponsável, porque estimulou a
população de ambos os povos ao conflito. No dia seguinte ele tentou “amenizar”
a declaração anterior.
2. O Hamas, PRIMEIRAMENTE
ATACADO por Israel, revidou, contra-atacou. Como diz Netanyahu e seus defensores, “que país
não se defende quando é atacado”?
Obs. 1 Hamas
não assumiu as três mortes. Por que não assumiriam, se já assumiram atentados
piores? Se fizesse isso, ganharia “ponto” diante dos palestinos.
Obs. 2 A
milícia "Seguidores do Estado Islâmico em Bayt al
Maqdis", ligado ao Estado Islâmico do Iraque/Síria assumiu as mortes.
Obs. 3 Os garotos eram colonos, portanto, ocupantes de
território alheio. Isso não justifica as mortes, mas é uma informação que
precisa ser considerada por quem quer fazer uma avaliação justa e honesta.
8. Palestinos são todos muçulmanos.
VERSÃO do
senso comum. Palestinos são formados por muçulmanos em sua maioria, mas também
por cristãos e secularistas, ou seja, aqueles que não seguem qualquer religião.
9. No passado, Israel foi vítima do
terrorismo do Hamas.
VERSÃO
enganosa. Como disse, o ódio não nasce conosco; as pessoas aprendem a odiar por
um motivo específico. Israel está na Palestina há muito tempo. Foi oficializado
como Estado legítimo em 1948, já oprimindo os habitantes da terra. O Hamas foi
criado em 1986 como grupo de resistência, como já disse. Fez o seu primeiro
atentado terrorista somente em 1994. Sabe em quais circunstâncias? Depois que
um judeu fanático de nome Baruck Goldstein ASSASSINOU 29 palestinos que rezavam
numa mesquita em Hebrom. ENTÃO, como revide a violência sofrida, o Hamas fez o
seu primeiro atentado. Se você notar a ordem dos fatos, verá que há muita
mentira e propaganda enganosa circulando por aí sobre o que, DE FATO, acontece
por lá.
10. Os militantes do Hamas obrigam os
palestinos a servirem de escudos humanos.
MEIA VERDADE.
O Hamas já fez isso, SIM. Mas isso não significa que TODOS os palestinos de
Gaza devam servir como escudos. A prova são os quase 200 mil refugiados dessa
guerra. Se o Hamas OBRIGASSE A TODOS os palestinos de Gaza a servirem de escudo
humano, não haveria refugiados! Simples assim.
Obs 1.
QUALQUER PESSOA que estivesse à beira de perder tudo, casa, família e a própria
vida, não ofereceria resistência? Se estão atacando você e seu patrimônio, você
simplesmente fugiria sem resistir? Coloque-se, HONESTAMENTE, no lugar de um
palestino e reflita sobre a sua atitude frente a uma ocupação violenta e os
seus próprios atos.
Obs 2. Do
ponto de vista MORAL, Israel faz algo “semelhante”. Isso é consenso entre os
especialistas, não é mera opinião minha, ainda que você não aceite. Ao colocar
seus colonos em território palestino, e o exército para “protegê-los”, o Estado
de Israel está ampliando a sua ocupação à custa da ação arriscada de seus
cidadãos. A prova são os três adolescentes mortos, e tantos outros que já foram
atacados. Essas vidas se perdem (morrem), mas o Estado GANHA. MORALMENTE, não
há muita diferença.
11. Criticar Israel é ir contra Deus.
Não é
verdade. Israel é um Estado, o povo judeu nem sempre é favorável ao que o
Estado faz, e os judeus remanescentes (que serão salvos) são outra coisa (leia
o Apocalipse). Deus não criou um Estado, criou pessoas. Deus não salvará UM
ESTADO, mas pessoas de fé. Criticar um Governo, qualquer que seja, é lícito.
Pedro disse que importava obedecer a Deus, não a homens (o contexto era os
legisladores corruptos). Criticar a política de guerra de Israel não é ir
contra Deus em hipótese alguma. Esse argumento usado pelos defensores de Israel
não encontra apoio numa leitura séria da Bíblia.
12. Os árabes/palestinos querem
destruir Israel.
Quem disse a
frase que deu origem a isso foi o presidente do Egito Abdel Nasser. Antes da Guerra
de 1967, ele disse que iria lançar Israel no mar. Não o fez. Depois dele,
Saddat, sucedeu-o na presidência do Egito, fez a paz com Israel, chegando a ir
a Jerusalém.
De lá para
cá os árabes usam essa frase e os “anti-árabes” também a usam para dar maior
credibilidade ao que afirmam.
Mas só os
árabes querem destruir Israel? NÃO. Frase por frase, veja o que disse o bem
conhecido Ben Guryon (aquele que fez o anúncio da fundação do Estado de Israel
em 15 de maio de 1948). Ele declarou: “Os palestinos devem ir embora desta
terra. Precisamos de uma oportunidade para fazer isto, como uma guerra”.
Agora, seja
honesto com a sua consciência: você acredita mesmo que há santos de um lado e
demônios do outro?
* Ajude a
divulgar A VERDADE. Não acredite em informação tendenciosa de quem defende o
seu próprio interesse, ou porque lucra com isso, ou porque não conhece a
verdade dos fatos.
** Há documentação pública sobre tudo o que escrevi acima.
Obs. os pontos acima podem ser melhor detalhados, mas optei por colocá-los resumidamente a fim de prover uma panorama sucinto de toda a questão.
Nenhum comentário:
Postar um comentário